A raiva é como um veneno que turva nossa mente
- Porfirio Amarilla Filho
- 27 de fev.
- 3 min de leitura
É inevitável: a vida cotidiana está repleta de situações que testam nossa paciência. Ficar preso em uma fila demorada no supermercado, lidar com um atendimento ruim, enfrentar imprudências no trânsito ou conviver com a incompetência de um colega no trabalho são experiências comuns que muitas vezes nos deixam irritados e frustrados. Mas como podemos enfrentar esses desafios sem permitir que roubem nossa paz de espírito? É aqui que os princípios do Estoicismo oferecem ferramentas valiosas para que possamos superar as nossas dificuldades no dia a dia e manter o nosso nível de seratonina (o hormônio da felicidade) adequado.

Os estoicos nos ensinam a distinguir entre o que está sob nosso controle e o que não está. Epicteto, um dos principais representantes dessa escola filosófica, afirmava: “Não são os eventos que nos perturbam, mas os julgamentos que fazemos sobre eles.” Quando estamos em uma fila longa ou lidamos com o mau atendimento, não podemos mudar a situação — mas podemos mudar como reagimos a ela. Ao aceitar que algumas coisas simplesmente escapam ao nosso controle, evitamos desperdiçar energia emocional em algo que não podemos alterar.
Isso significa dizer, por um lado, que ao aceitar as coisas como elas são, é simplesmente compreender que as relações de causa e efeito foram dadas e nada podemos fazer para escapar daquele momento; por outro lado, não é ter sangue de barata; ao contrário, é saber que tais causas não merecem mais energia do que já está sendo aplicada ali, e, por isso, nem que Zeus saia do Olimpo para intervir por você, elas não serão modificada.
A Prática da Paciência
Sêneca, um dos maiores pensadores estoicos, já dizia que a raiva é como um veneno que turva nossa mente. Por isso, para os estoicos, a paciência é a chave para enfrentar os desafios da vida. Imagine estar preso em um engarrafamento: em vez de se irritar e perder a calma, o estoico busca entender a situação e encontrar uma forma mais serena de lidar com ela.
A paciência, na verdade, é um exercício de autocontrole que nos ajuda a não sermos dominados por sentimentos negativos. Mas você já parou para pensar: será que conseguimos alcançar a completa tranquilidade, a tal da ataraxia? Os estoicos acreditavam que sim, através da prática constante da razão e da aceitação das coisas como elas são. No entanto, a ataraxia não é um estado permanente, mas sim um objetivo a ser perseguido a cada momento. Em outras palavras, a busca pela ataraxia nos ajuda a viver o presente de forma mais plena e a lidar com as adversidades com mais sabedoria e virtude.

A Importância da Empatia
O estoicismo nos ensina a encontrar paz interior através do autocontrole e da aceitação daquilo que está fora de nosso alcance. Ao compreendermos as leis da natureza e nossas limitações, nos tornamos mais resilientes diante das adversidades. No entanto, a filosofia estoica não se limita à introspecção. A empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, é igualmente importante para vivermos em harmonia com os demais.
Marco Aurélio, em suas Meditações, nos lembra que todos enfrentamos desafios únicos. Ao cultivarmos a empatia, não apenas construímos relacionamentos mais fortes, mas também ampliamos nossa compreensão sobre a condição humana. Essa perspectiva não nos torna passivos, mas sim mais conscientes de nossas ações e de seu impacto sobre os outros. Em suma, a busca pela excelência pessoal, defendida pelos estoicos, não é um ato egoísta, mas sim um caminho para a conexão com o mundo e com os outros, em que agir deve ter sempre a nossa perspectiva do "agir do melhor modo possível".
Conectando Você ao Mundo
Praticar o Estoicismo no cotidiano não significa ignorar ou se conformar passivamente com situações incômodas, mas sim enfrentá-las com sabedoria e resiliência. Isso implica:
Refletir antes de reagir: Pausar por alguns segundos diante de uma situação irritante pode nos ajudar a escolher uma reação mais racional.
Buscar alternativas: Em vez de focar na causa de um problema, pense no que pode ser feito para melhorar a situação, ou seja, foque na solução.
Praticar o desapego emocional: Não permitir que pequenos aborrecimentos tirem o seu equilíibrio interno.
As irritações cotidianas são inevitáveis, mas a maneira como escolhemos lidar com elas é uma decisão que cabe a cada um de nós. O Estoicismo nos convida a abraçar a calma, a reflexão e a resiliência como antidotos contra os desafios diários. Assim, transformamos momentos de frustração em oportunidades para praticar a sabedoria e o autocontrole, vivendo de forma mais plena e em paz com a realidade que nos cerca.
Pense nisso...
Até mais!